A gravura na
região amazônica destaca-se com a produção que surge na última década no estado
do Pará, principalmente em Belém. O que não significa validar sua importância
somente a partir desse período; seria uma injustiça com Valdir Sarubbi, Ronaldo
Moraes Rêgo e Jocatos, grandes artistas responsáveis em manter viva essa
tradição. Foi o surgimento de uma nova geração de excelentes gravadores
preocupados em trabalhar de maneira colaborativa e em diálogo com a tradição da
gravura brasileira, reconhecendo-a e integrando-se a ela, que talvez tenha sido
a maior contribuição de todos esses anos de persistência – anos, diga-se de
passagem, ainda germinais.
De fato,
podemos assegurar que existe uma gravura na Amazônia capaz de afirmar-se no
cenário contemporâneo. Vale notar os desafios impostos aos
métodos de trabalho com a gravura em metal ou combinada com outros meios verificados, por exemplo, em Elaine
Arruda, Pablo Mufarrej, Diô Viana e Ronaldo Moraes Rêgo; as expansões que definem outros
campos da linguagem com o emprego das novas mídias , limites explorados nas
estampas numéricas de Alexandre Sequeira e a liberdade como
Jocatos e Eliene Tenório incorporam signos identificados com o universo
feminino e suburbano, sem perder de vista as qualidades que são peculiares ao
meio gráfico.
Energia que carrega o vento úmido e contaminado dos portos do Norte, que nos
alimentam por séculos com sinais vivos da ancestralidade. Lugar, este, sentido
e compartilhado.
Armando Sobral
Brasília, dezembro de 2011
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